A pesquisa CNT e a derrota do corporativismo
10 de setembro de 2013 | 14:17
A pesquisa da Confederação Nacional de Transportes, em parceria com o instituto MDA, encerra um ciclo de pessimismo e turbulência cujo auge se deu durante as chamadas “jornadas de junho”. Os protestos deram um susto merecido na classe política como um todo, mas houve também uma tentativa das forças conservadoras de impor uma interpretação que as beneficiassem. Essa interpretação foi enterrada no último dia 7 de setembro, quando se constatou que os milhões que saíram às ruas em junho não queriam se misturar a moralistas de ocasião, defensores da ditadura e radicais da violência.
A pesquisa, cuja íntegra pode ser lida aqui,mostra a recuperação de Dilma Rousseff, tanto em termos de aprovação (que saltou de 49% para 58%), quanto em intenções de voto (36% no cenário mais provável).
A pesquisa esclarece uma outra questão. Agora entendemos porque a mesma mídia que apoiava as manifestações, agora passou a demonizá-las. É que seu principal candidato, Aécio Neves, não cresce. Segundo a MDA, Aécio se mantém em terceiro lugar, com 15%, enquanto Dilma cresceu 3 pontos. Eduardo Campos, por sua vez, também não faturou com o novo cenário: sua candidatura está esvaziando.
Entretanto, a melhor notícia da pesquisa CNT/MDA refere-se a avaliação popular do programa Mais Médicos, e em especial à importação de médicos estrangeiros. A chegada dos médicos cubanos fez disparar a aprovação ao programa. Isso prova que a população brasileira não se identifica com o preconceito ideológico da grande mídia e dos setores conservadores contra Cuba.
Segundo a MDA, a aprovação ao programa saltou de 49,7% para 73,9% em setembro. O que justifica uma mudança desta magnitude? O que mudou de julho para setembro? Ora, foi a chegada dos cubanos! Este foi um dos assuntos mais populares das redes sociais nas últimas semanas. Dias atrás, reproduzimos aqui um artigo do Andre Singer no qual ele afirmava que a esquerda havia ganho essa batalha, ou pelo menos esse primeiro round. A pesquisa MDA confirma a avaliação de Singer.
Entretanto, mais do que uma vitória da esquerda e do governo, foi uma derrota do corporativismo médico.
Os sinais estão se invertendo. Tudo agora leva a crer que a mídia realmente manipulou o desejo das “ruas”. A pauta popular não é conservadora. As pessoas querem medidas concretas para melhorar a saúde e outros serviços públicos, e perderam a paciência com os desmandos da grande mídia e seu eterno esforço para distorcer a informação.
A aprovação espetacular do Mais Médicos pode ter ainda outra consequência interessante: alavancar a candidatura de Alexandre Padilha para o governo de São Paulo em 2014…
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