segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A Criança que pensa em Fadas



A criança que pensa em fadas e acredita em fadas

Age como um deus doente, mas age como um deus.

Porque embora afirme que existe o que não existe

Sabe que existir existe e não se explica,

Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,

Sabe que ser é estar em algum ponto

Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.


Alberto Caeiro, Fernando Pessoa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Aqueles que virão depois de mim

Gostaria de deixar como testamento
A todos os que virão depois de mim
O brilho das estrelas, as gotas de orvalho,
Os primeiros raios de sol do amanhecer.

Quisera poder legar o firmamento
Um sentimento puro, talvez sem fim
O fruto justo pelo seu trabalho
E a esperança da vida ao nascer

Mas deixo sem contentamento
A cobiça pela prata, ouro e marfim.
Uns que comem sobre carvalho
Enquanto outros de fome vão morrer

Mas também lego o pensamento
Dos que vieram antes de mim
A fé que resiste ao terreno erário
Essa é a esperança nos fará vencer.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

tu vuo fa l'Americano




Se um dia você se perguntou de onde veio a "inspiração" da "música" pa-panamericano, creio que esta é a resposta. Pessoalmente prefiro o original de Carosone, mas esse trecho do filme O Telentoso Sr. Ripley ficou muito bom!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Até onde vai o preconceito?

A questão passou a me tirar o sono de uns dias pra cá. Como muito brasileiros cresci acreditando na “cordialidade” do nosso povo, na nação erguida pela “união das três raças” tão belamente ilustradas no meu velho livro de estudos sociais.

Cresci com a grande “complexo de vira-lata”, ao som de guitarras e baterias, gritos distorcidos e muita coca cola, assistindo novela e aprendendo que meu papel era não questionar o título de pais do futebol, me orgulhar por São Paulo ser o coração econômico do Brasil e pelo nosso cartão postal ser uma cidade maravilhosa.

Hoje ao me aproximar dos trinta anos questiono-me bem mais a respeito desse modelo de país e as formalidades ideológicas não me encantam mais. Pouco a pouco o cotidiano me fez despertar contra a vontade dessa letargia que é o Brasil cordial. Uma vez ouvi o Ariano Suassuna falar numa de suas palestras da existências de dois brasis: o oficial e o real.

O Brasil oficial é composto apenas pelo Sul-Sudeste, especificamente bairros nobres, grandes propriedades rurais, belas praias e pontos turísticos, sem favelas ou cracolândias. O Brasil real, esse todo marginalizado, formado por várias regiões geoeconômicas, repleto de pardos, negros, índios, mães solteiras, gays e tantos grupos minoritários que lutam pelo acesso mínimo a cidadania.


Ariano notou que sempre que o Brasil real tentou se organizar foi massacrado pelo Brasil oficial. Foi assim em Canudos, Palmares, com a Confederação do Equador, com a Balaida, a Conjuração Baiana e tantas outras que com muito sacrifício entram nos livros didáticos. O Brasil real escolheu um presidente e foi taxado de burro, formado por uma massa de despossuídos e alienados. Depois, votou-se pela continuidade de um projeto político e mais uma vez o Brasil oficial se levantou espalhando ódio!


Mayara Petruso é produto de um sistema que perdura desde o Império, atravessando a República Velha do café paulista e do leite mineiro, apoiando a repressão dos direitos por um regime ditatorial e contaminando todas as esferas políticas após a reabertura. Num momento infeliz a jovem expôs o que se esconde por trás de toda a nossa cordialidade.


A jovem universitária que cursa direito (!!!) foi precedida por nomes como Boris Casoy (a humilhar garis que desejavam feliz natal) Eliane Cantanhêde (que se referiu aos filiados do PSDB como massa cheirosa, colocando a imensa maioria de brasileiros indiretamente na categoria de massa mal-cheirosa) e agora, tem mais um ilustre seguidor. O repórter (?) da RBS – filiada da rede Globo – Luís Carlos Prastes é a epítome do preconceito de classe, gênero, etnia, etc.

O repórter (?) faz uso de uma eloqüência que deixaria Adolf Hitler emocionado para colocar a culpa dos acidentes de trânsito na popularização dos automóveis promovida por esse maldito governo que trata pobre como se fosse ser humano. O termo “desgraçado” foi usado a exaustão para disseminar a fúria deste culto cidadão.

Ele é o homem cordial. O brasileiro culto, branco, respeitoso das diversidades, desde que aqueles que pertencem as classes menos favorecidas permaneçam à margem da sociedade sem exigir os mínimos direitos inerentes a pessoa humana. O homem cordial que respeita a três raças, desde que negros sejam manobristas e faxineiros e os índios se apressem a tornarem-se extintos.

Até quando essa hipocrisia, meu Deus?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Legal, merece um clique!

A amiga GiselleMatos bolou um blog muito interessante. Além de belas frases e mensagens, um desing muito atraente os textos da jovem possui uma criticidade e um humor saliente. Gostei muito do post sobre o melhor amigo da mulher. A Globo devia aproveitar para colocar entre as respostas do seriado: Afinal, o que querem as mulheres?

Parabéns Giselle!

O endereço do blog é esse: http://giihmatos.tumblr.com/

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A ESPERANÇA VENCEU!!!


“Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.”

Vinicius de Moraes, Operário em Construção.


E mais uma vez a esperança venceu o medo. O operário, migrante nordestino, perseguido por aqueles que por tanto tempo governaram despoticamente o país testemunharam a materialização das palavras do revolucionário Ernesto Che Guevara: “os poderosos podem matar um ou duas rosas, mas não podem impedir a chegada da primavera”!

Por três vezes o candidato operário foi derrotado nas urnas, mas a semente lançada germinava lentamente em nossa nação. E quando os ditames de um modelo de nação injusto pareciam sufocar nossa voz, eis que as vozes da mudança retumbaram em nosso peito. Era possível ao operário uma nova dimensão? Era possível a alguém que não foi educado na Europa, não dominava o inglês ou possuía mestrado guiar o país em sua mudança histórica?
A elite sussurrou que tinha medo, o povo bradou em alta voz que tinha esperança! O operário Luís Inácio foi erguido ao posto de presidente, e foi esse presidente Lula que escreveu algumas das mais belas páginas de nossa história contemporânea.


O Brasil cresceu e prosperou. Milhões saíram da pobreza extrema e formaram uma nova classe média, milhões de jovens puderam ingressar no Ensino Superior, o povo recuperou sua auto-estima e sentiu-se orgulhoso de um novo Brasil que nascia.

Um Brasil que deu mais um passo significativo: elegeu a primeira mulher presidente de sua história republicana. Embora essa mulher tenha sido guiada a esse cargo pelo seu antecessor, um homem-mito que só o futuro poderá dizer se soube esquivar-se da imagem forjada sobre o homem Luis Inácio, a escolha popular por Dilma simboliza a opção pelo Brasil mais humano, inclusivo e autônomo.

A Dilma que possui história própria, tendo lutado contra a ditadura que se abateu nesse país por vinte anos, sendo presa e torturada. Uma mulher forte que não desistiu dos seus sonhos e ideais, mesmo diante da cruel violência.

Muitos desafios não foram vencidos durante a gestão de Lula: a necessária reforma política, a reforma agrária, a garantia de um desenvolvimento sustentável com a utilização de energias limpas, a cidadania plena para todos os brasileiros, o déficit educacional, de segurança pública e dos serviços de saúde, entre outros.

O messianismo que está impregnado em nosso subconsciente coletivo deve ser vencido, e não explorado. Nem Dilma nem Lula podem ser encarados como salvadores da pátria. Foram a escolha do povo para guiar esta grande nação brasileira no caminho do que ela aspira ser.

Encaro a vitória de Dilma como uma escolha pela continuidade de um modelo, que só o tempo, e apenas ele, poderá dizer se foi acertada. A recusa pela volta do PSDB ao poder representa talvez a proximidade da primavera, com os primeiros brilhantes raios do sol da justiça social e da superação da pobreza. Não parabenizo Dilma nem Lula pela vitória, não nos é suficiente a vitória nas urnas, necessitamos da vitória diária, de políticas de Estado e não de governo. O presidente operário que iniciou a onde de mudanças foi eleito por nós: cidadãos-operários, operários em construção, quem vêem em si uma nova dimensão de possibilidades infindas. A esperança venceu o medo, e de parabéns estamos todos nós! Nós, que ao contrário do que órgãos de imprensa afirmaram: pensamos! Nós, que ao contrário do que disseram muitos políticos, não votamos por ganhar “uma bolsa miséria”! Nós que superamos o preconceito religioso e mantivemos viva a chama da esperança e que com nossa história anunciaremos com alegria que um novo tempo se instaura nesse país!

Viva a cidadania! Viva o Brasil!

Emerson Luiz (http://emersonluizgalindo.blogspot.com)